O sincretismo religioso e o ecumenismo
O sincretismo religioso são as misturas
de crenças entre religiões distintas. Por sua vez, o ecumenismo é a tentativa
de união entre as religiões cristãs. E o diálogo inter-religioso são as
tentativas de contato entre as diferentes crenças monoteístas e politeístas
existentes ao redor do planeta.
O sincretismo é um tema clássico do
estudo das religiões. Isto porque as tradições religiosas ocidentais são em
grande parte fruto do sincretismo entre posicionamentos sociais e políticos
antagônicos. Um primeiro sincretismo ocorre na institucionalização do
cristianismo como doutrina oficial romana. Pois o Império Romano era uma
instituição que perseguia sobremaneira aos cristãos. Todavia, a partir do
século IV, o cristianismo se torna uma religião permitida, e posteriormente a
religião oficial do Império Romano. Neste período, o cristianismo se tornou
católico, palavra cuja raiz latina significa universal.
No interior das relações nas quais observamos o cristianismo se
tornando uma “religião de Estado” temos uma possibilidade de compreender um
primeiro fenômeno de sincretismo.
O mitraísmo era uma das principais religiões romanas. Sendo que o
seu principal culto era ao Sol, considerado pelos mitraístas um deus. Os
cristãos, por sua vez, acreditam nas palavras e doutrinas desenvolvidas por
Jesus. Tanto mitraístas quanto cristãos acabaram sendo alvo da política
desenvolvida pelo imperador Constantino, que sincretizou os cultos cristãos aos
cultos mitraístas, sendo o culto a Cristo sincretizado ao culto ao sol (PETIT,
1989, p. 175-190).
Posteriormente, o culto cristão, com
Teodósio, se transformou na doutrina oficial do Império Romano, sendo muitas
das antigas virtudes pagãs, transformadas em valores espirituais cristãos. Na
Península Ibérica, alguns templos de culto aos deuses dos celtas se
transformaram em Igrejas Cristãs Visigóticas, um exemplo da possibilidade de
compreendermos o sincretismo religioso.
O sincretismo, em relação ao catolicismo
romano, também se relaciona à possibilidade de compreensão da vida religiosa
nas Américas de colonização ibérica, isto é, nos territórios do chamado “Novo
Mundo”. Pois antigos locais de devoção a deuses incas e astecas se
transformaram em locais de devoção a Santa Maria. Alguns exemplos que podemos
recordar é o templo a Quetzacoalt, transformado em catedral de Nossa Senhora de
Guadalupe. Assim como também os deuses dos escravos africanos, que
compulsoriamente se dirigiram para o Brasil Colonial, como Iemanjá, a deusa das
águas, cujo culto era proibido, e com isto, relacionada pelos escravos a Nossa
Senhora dos Navegantes (BOFF, 1987).
Independentemente das polêmicas, não
existe apenas o ecumenismo como mediação das relações entre as diferentes religiões.
Pois existe o chamado diálogo inter-religioso, que se refere à relação entre o
cristianismo, o judaísmo, o islamismo e as religiões orientais. Tal perspectiva
perpassa outras questões que não apenas teológicas como também questões
políticas e civilizacionais. O diálogo inter-religioso é um dos maiores
desafios contemporâneos. Isso porque a intolerância ainda é um dos pontos
desafiantes da humanidade no século XXI.
Comentários
Postar um comentário